27 de ago. de 2009

Inédito

É muito esquisito não ter você por perto pra ficar brigando enquanto, insanamente você fica trocando de canal.
A cozinha está sempre do mesmo jeito que a deixo quando saio de casa pela manhã, arrumada e limpa, e dentro pia só tem coisas ímpares: pratos, copos e talheres.
Não há ninguém para sabotar meu regime, pedindo pizza em plena terça feira.

Por mais que eu procure, não encontro nenhuma embalagem de chocolate diamante negro ou bolacha trakinas perdida no sofá da sala.
O banheiro estranhamente permanece limpo e com as roupas todas "dentro" do cesto de roupa suja.
Não preciso ficar sem voz de tanto repetir...favor bater o tênis do futebol no ralo e não na rampa em frente a porta de entrada da cozinha.
Não há bagunças ou roupas espalhadas pela casa pra recolher.

Quando deito na cama, ninguém repara na minha roupa de dormir... ninguém me conta qual a cor preferida do dia e ninguém briga comigo por estar lendo os meus livros compulsivamente.
Não preciso me preocupar em cobrir ninguém e não tenho com quem resmungar por estar com as pernas e os braços todos em cima de mim, muitas vezes me impedindo até de respirar.
E ninguém briga comigo, dizendo que é a minha vez de orar pra dormir e eu fico muito sem graça de orar em voz alta.

O engraçado é que a cama agora é só minha, não preciso disputa-la com mais ninguém e nem brigam comigo quando, no meio da noite, eu sequestro travesseiros e cobertores sem querer.
Quando volto do supermercado, abro a geladeira e guardo o igurte e depois abro novamente pra colocar as frutas e abro uma terceira vez pra guardar o requeijão e ninguém briga comigo para economizar energia.

Posso assistir todos os filmes água com açucar que eu quiser, ninguém me obriga-rá a assitir Rambo 4 - O massacre.
Posso fazer as unhas sem ter que explicar todas ás vezes que as mulheres precisam fazer disso, sem que alguém fique me ligando querendo saber se vou demorar muito.

Sabe de uma coisa? Não sei viver assim, as coisas eu sempre disse que me incomodavam na verdade não incomodam, fazem falta.

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Porque a vida pede passagem. Que seja eterno e terno, enquanto dure.