1 de dez. de 2010

Novidades...

Estou entrando na 31 semana de gestação e não vejo a hora do meu pequeno vir ao mundo. Sinto-me bastante cansada já que a falta de ar é constante e pra dormir também já está ficando difícil mesmo estando cercada de travesseiros... quase que nem sobra espaço pro morii na cama... rsrsrsrs

O pequeno Samuel mexe bastante, há dias em que acordo no meio da madrugada assustada, sentindo as duas mãos do morii na minha barriga... Ele (o morii) diz que ouvira o Samuel chamar e por isso foi conversar com ele, rsrsrs .No geral é engraçado, mas ás vezes pode ser bastante irritante se você pensar que levarei horas pra conseguir “pegar no sono” novamente.

O quarto do Samuel está lindo e prontinho. Ás vezes ficamos no quartinho dele olhando para seus sapatinhos e roupinhas e ficamos imaginando como será o seu rostinho... seja como for sabemos que será um bebê lindo e oramos para que seja saudável e inteligente.

Nossos familiares e amigos estão muitos felizes e quando bate uma pontinha de tristeza é quando penso no meu pai que poderia estar conosco vivendo esse momento tão lindo e esperado... mas tudo bem, sei que nada acontece sem a permissão de Deus. Ah... e falando em Deus, estamos muito felizes com a benção que Ele nos deu recentemente... a volta pra nossa terrinha natal: São José dos Campos!

Um beijinho do Samuel.

30 de ago. de 2010

Uma canção para meu filho

Na semana passada descobrimos que o nosso bebê é um garotinho lindo e saudável, e o nosso pequeno já tem até nome: Samuel.
A história do Samuel é muito bonita e decidi conta-la.
Certa vez, quando estavámos visitando uma livraria (isso aconteceu há uns 7 ou 8 anos atrás, nessa época eu e 0 morii ainda namorávamos), encontramos um livro muito especial. Nós tínhamos o hábito de visitar essa livraria sempre que íamos ao cinema, e ficavámos por lá enquanto aguardavámos o horário da sessão e ocorreu que nesse dia especial, encontramos um livro, cujo título era: Uma canção para meu filho. E quando lemos decidimos comprá-lo, pois de alguma maneira que não consigo explicar, já sabíamos que nos casaríamos e formaríamos uma linda família.
Esse livro encontra-se guardado conosco há muito anos e até que o nosso bebê se formasse em meu ventre, passamos por diversos momentos em nossas vidas e o sonho de formarmos uma família parecia algo distante de nós, uma vez que recentemente eu estava com alguns problemas de saúde e também por já ter passado por uma cirurgia para remoção de um cisto ovariano. Mas Deus é fiel e maravilhoso conosco, pois estou aqui para contar que nosso bebê está saudável e perfeito e escrevemos ontem na contracapa do livro que compramos a ele há muitos anos atrás:
Para: O amado Samuel
De: Seus pais

Ah... desculpe por não ter escrito tanto, ás vezes tenho a impressão que a gravidez dá uma certa "emburrecida" na gente... rsrsrs vivo desligada, no mundo da lua (ou dos bebês), providenciando todo o conforto que o Samuel merece. Agora com 4 meses e meio faço caminhadas no Lageado (que é pertinho de casa) e relaxo na hidroginástica, já que felizmente as nauseas se foram.

Uma canção para meu filho (e do morii também)
Esta canção te envolverá, filho meu, como um cálido abraço de amor.
Samuel, mamãe te ama muito viu? E o papai não vê a hora de você nascer, para juntos vocês jogarem bolinha de gude, soltar pipa, e jogar futebol no quintal com a Lilica.

6 de jul. de 2010

Uma família de verdade

Sinto que agora posso contar a alegria que vem crescendo em mim há algumas semanas.
Já está mais que confirmado, depois de quase 6 anos de casamento, Deus nos deu um lindo presente: estou gravidíssma!
A notícia veio em forma de presente no Dia dos Namorados e desde então tenho vivido um início sonolento e bastante nauseante de gravidez. Mas isso não é nada perto da alegria que estamos sentindo, (nós e toda a nossa família), e quando penso na minha família ainda fico triste porque sei que meu pai ficaria todo orgulhoso e feliz se ele estivesse aqui.
E a torcida pelo sexo do bebê está bastante dividida... meu sogro jura que vai ser uma menina, já o meu irmão tem certeza que será um menino, e eu também estou bastante dividida, antes achava que seria uma menina, mas agora penso que também pode ser um menino... Seja o que for já estou feliz por essa nova vida que estou gerando e que complementará a minha família.

5 de jul. de 2010

Fechando ciclos

" Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. " (Fernando Pessoa")

10 de jun. de 2010

O ginásio

Ela era assim.
Às vezes preenchia e ás vezes faltava.
Tinha mania de contar os dias e ás vezes vivia os dias que esquecia de contar.
Sobrevivia.
Sempre achava que ia morrer daqui a pouco...
E acabava vivendo daqui a pouco também.
E quando ela tinha certeza que acabava, é que tudo começava... algo segredava em seu coração que enquanto os seus lábios não viajassem lentamente de encontro aos dele, como dois planetas condenados a colidir pelo efeito da gravidade, ela não partiria desse universo.
E ela sabia que a colisão deveria ser breve, pois logo ela abandonaria o colegial.

Ela era de uma capacidade inimaginável de sonhar.

Vimos uma margarida e nem sequer era Primavera
E disseste que margarida é amarelo e branco
E eu disse que branco era paz
E disseste que amarelo era desespero
E dissemos quase juntos
Que margarida era então
Desespero cercado de paz por todos os lados
(Caio Fernando Abreu)

1 de jun. de 2010

Nunca mais é um ''até logo'' que desistiu de esperar

Volte para o seu mundo perfeito e feliz, pra sua vida feita de castelos e mentiras, que é lá o seu lugar. Por aqui há verdades e sentimentos demais pra você. A vida não é feita de sonhos e as palavras foram inventadas para serem usadas, especialmente quando se precisa dizer algo a alguém. Guarde o seu desprezo para os políticos corruptos, para os assassinos de criancinhas e para as mães que abandonam seus filhos, não para alguém que só te amou.

Mia tinha uma porção de manias esquisitas
De inventar estórias tristes e curtinhas.
Tinha mania de sonhar, escrever e de voar
Mia voava enquanto dirigia e nas aulas de economia.
Mas o que ela mais gostava
Era de voar de noitinha, quando ninguém ouvia.

Mia tinha mania de imaginar...
E quando ria muito, sabia que logo iria chorar.

"Oh! Oh! Seu Moço!
Do disco voador
Me leve com você
Pra onde você for...
Oh! Oh! Seu Moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por ai..."(Raul Seixas)

17 de mai. de 2010

Esconderijo

O que fazer das incontáveis mortes cotidianas, da qual esta sonhadora e nostálgica mulher não passa de alvo assinalado pelo X da sorte de todo o nó de solidão sufocante? E que mesmo diante da opressão, do saqueio e do abandono, responde com um sorriso tolo nos lábios da vida que explodirá em 30 no próximo dia vinte e dois.

Uma vida secreta que cozinha errante seus grãos e contagia com amor as imagens que vê refletida diante do espelho. Em cada linha escrita, decifro esse caminho com fortuna enquanto invento imagens de poesia com o brilho da luz dos olhos que já brilharam um dia. Trato de deixar em cada palavra dolorida o sumo do coração... da devoção e do deslumbre desmedido em escrever.

Que seja mais uma dessas lições com as quais o destino costuma nos surpreender e que nos " esfrega na cara” a nossa evidente condição de meros joguetes de um fado indecifrável cuja única e desoladora recompensa costuma ser, na maioria das vezes, o desprezo e o esquecimento. E já que é assim: que venha os trinta.

Assiti meu filme preferido A herança de Mr. Deeds, enquanto a música se repetia insistentemente: Procuro a solidão, como o ar procura o chão, como a chuva só desmancha pensamento sem razão. Procuro esconderijo encontro um novo abrigo como a arte do seu jeito e tudo faz sentido. Calma pra contar nos dedos, beijo pra ficar aqui, teto para desabar, você para construir.

14 de mai. de 2010

O convite

Ela o beijou. Seu beijo era um convite.
E ali mesmo, na sala, despiram-se com sofreguidão, com raiva e desejo. Acariciando-se um ao outro e desfazendo-se em silêncio de palavras doces e apaixonadas.
Conheciam de cór cada parte de seus corpos e enterraram todo aquele tempo de sofrimento e separação, em suor e saliva.
Ele a beijou com fúria, segurando-a docemente pelos cabelos num misto de fúria e cuidado. E ela o recebia de olhos abertos, com as pernas enlaçadas em seu corpo e os lábios entreabertos de ânsia e desejo infinitos. Não havia sinal de criancice em seu olhar, em seu corpo trêmulo que ainda pedia mais.
E em seu coração ela se perguntava se a felicidade seria apenas um produto de sua imaginação.

Mil velas podem ser acesas com uma única vela,
E a vela não será por isso, mais curta.
A felicidade nunca mingua por ser compartilhada.
Eu acho.

12 de mai. de 2010

Carta de amor

Há alguns anos, encontraram um saco cheio de cartas que haviam deixado de ser entregues aos seus devidos destinatários. Cartas que deveriam ter sido entregues há quase 70 anos atrás, o que pode-se dizer de quase uma eternidade, pensando em quem as esperou.

O diretor dos Correios teve de fazer declarações para conter o escândalo.

Ele disse uma enorme besteira: "ninguém precisa se preocupar, não havia entre elas nenhuma carta de amor".

"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada" (Clarice Lispector)

10 de mai. de 2010

Tolerância

"Há um lugar onde termina a calçada
Antes de começar a rua
Ali cresce a relva clara e macia
Ali arde o sol quente e purpúreo
E ali dorme o passáro-da-lua
Depois de longa viagem
No vento de hortelã." (Shel Silverstein)

Vivo aproveitando esse tempo de descanso e paz.
Viajei demais e já corri muito também mas hoje eu vejo e contos os dias que passam devagar, fazendo de mim uma pessoa mais tolerante e paciente.

28 de abr. de 2010

Relatividade

É relativo
Tudo é relativo e depende de você.
As coisas mudam com a sua imaginação.
Acertar varia com a forma de errar.
Estar de bem com a vida é relativo, isso também pode mudar.

É sábio cativar uma grande amizade, é relativo encontrar.
Viver é relativo, envelhecer, também.
Tristeza, nem pensar, depende de como interpretar.
Transformar momentos inesquecíveis é relativo, de tudo depende a forma de amar.


" No nosso idioma, as pequenas gentilezas,
como empurrar a cadeira para sentar ou amarrar os cadarços um do outro, já são suficientes para nunca esquecer os dias. '' (Fabrício Carpinejar)

26 de abr. de 2010

A viagem

Dera a partida em seu carro e saiu, como se quisesse agarrar o instante em seus dedos, com receio de que ele nunca mais pudesse ser seu. Por mais que pisasse com raiva o pedal do acelerador do seu automóvel, ele não conseguia acompanhar a velocidade de seus pensamentos que exigiam para si, instantes cada vez mais completos. Seus pensamentos, seus valores e sua concepção de vida cheia de nausea doce, a aprisionavam.

Seguia sem rumo pela estrada, sem saber o que estava buscando... por ora bastava saber que partira, embora não soubesse ainda para onde, o destino seria outro problema que ela resolveria depois.

Sentia a pressão fresca e fascinante do vento e nesse instante desejou ser pássaro. O calor fazia com que escorrece o suor entre os dois seios e o brilho do sol ardia em seus olhos. A vastidão da estrada sem fim parecia acalmá-la, regulava a sua respiração e ela finalmente cochilava dentro de si.

Lembrou de sua infância, de pessoas importantes que ficaram para trás e seguramente concluiu que ser gente grande era deveras complicado... talvez estivesse apenas com medo, porque não resolvera o caminho que iria tomar. De repente se lembrou que os desejos são fantasmas que se diluem imediatamente quando o bom senso entra em ação, então mais que depressa, pegou o primeiro retorno da estrada com um único destino: voltar para casa.

Já em sua cama, fica de olhos abertos durante algum tempo.
O sono demora para vir. Ela medita enquanto enxuga as lágrimas que descem de mansinha, com o dorso de suas mãos. Cobre-se com o lençol macio e lisinho que escorrega pelo seu corpo nu. E finalmente ajeita-se na cama. Fecha os olhos e diz boa noite ao céu de estrelas que ri baixinho de suas tolices.

20 de abr. de 2010

Júlia sonha com o amor

Impossível dormir nesse ônibus, impossível... dizia Julia para si mesma, enquanto contava e recontava por diversas vezes as estrelinhas ou seriam florzinhas? Bom tanto faz o que eram na íntegra aqueles “trequinhos” estampados numa mochila qualquer que estava bem atrás da imensa cabeça do garoto que estava na sua frente falando sem parar. E cá entre nós... os “trequinhos” eram de fato, bem mais interessantes.

Há pelo menos 2 meses, Julia fazia esse mesmo percurso, ouvindo as mesmas conversinhas sem conteúdo que saiam daquela mesma boca que “andava louca” para devorá-la ao menor descuido que desse. O garoto que insistia em sentar ao seu lado, definitivamente não tinha o menor semancol, porque desde o momento que Julia adentrara naquele fretado com destino a tão sonhada Universidade, era ao seu lado que ele se sentava. E olha que ela nem disfarçava, por vezes demonstrando mais interesse aos “trequinhos” do que a sua conversa repetitiva e irritante.

O garoto que há dias sonhava em conquistar Julia era realmente dotado de uma tremenda força de vontade, porque quando ela finalmente o convencia de que estava cansada e que gostaria de aproveitar a viagem para dormir, ele imediatamente sacava seu cd player da mochila, recheado de musicas melas cuecas para irem ouvindo, cada qual com um lado do fone. E assim, a viagem seguia. E enquanto ele tecia um novo plano onde ela não escaparia dessa vez, Julia conversava baixinho com as estrelas... dizia a elas que colocassem em seu caminho um certo alguém que fizesse seu corpo todo tremer e sua boca secar... em seu coração de menina mulher cabiam muitos sonhos e fantasias.

Ultimamente Julia andava desconfiando que o fio daquele fone estava com sérios problemas, pois a cada dia parecia estar menor, o que`casualmente´ fazia com que o rosto do Gato Guerreiro –- pasmem, pois esse era mesmo o apelido do garoto -- ficasse mais próximo do seu.

"Poucos ainda sorriem e olham nos olhos (...)
Os olhos buscam signos, avisos, o coração resiste (até quando?)
e o rosto se banha de estrelas dormidas de ontem..."
(Caio Fernando Abreu)

14 de abr. de 2010

Cor de lume

Tenho feito um pouco de tudo e muito de nada. Nesses últimos dias tenho evitado olhar para o teclado, evitado escrever, evitado deixar a minha mente ociosa, porque há momentos em que parece não existir razão para viver e tenho medo das coisas que posso escrever nessas horas.
Absolutamente nada parece estancar o vazio que transborda por aqui. Coisas da minha eterna companheira solidão... vai passar, é só ter um pouco de paciência. Volto assim que eu estiver mais feliz, pra falar de coisas boas e bonitas. Acho que estou com cor de lume hoje.

E pra você, fica um trechinho doce de um livro que li recentemente: “Mudava a cor de seus olhos conforme o meu estado de ânimo: cor de água de despertar, cor de açúcar queimado quando ria, cor de lume quando a contrariava. E a vestia para a idade e a condição que convinham às minhas mudanças de humor: noviça apaixonada aos vinte anos, puta de salão aos quarenta, rainha da Babilônia aos setenta, santa aos cem.” Memória de minhas putas tristes – Gabriel García Márquez

1 de abr. de 2010

A TODOS, UM BRINDE! By Rodrigo Araújo

Ao ler a última página daquele livro, uma imensa calma apossou-se de mim. Em verdade, sentia-me confortado, assim como conforta uma xícara de erva-doce antes de dormir, ou um copo de leite quente ao amanhecer. Ao posicioná-lo na estante, junto aos seus semelhantes, foi como se um ritual houvesse terminado. Aquele livro concluía seu ciclo; uma jornada cujo único objetivo foi me proporcionar imenso prazer. Ali, enfileirado com outros livros, apresentava-se como parte de uma muralha de conhecimentos, sentimentos, emoções e divertimento. Imponentes e intransponíveis, tal como a muralha de Tróia, fizeram-me lembrar de minha pequena saga de páginas lidas e percorridas até aquele momento. Nelas, não consegui impedir a crucificação de Jesus Cristo, mas lutei ao lado de Leônidas, entre os espartanos. Defendi o Lugar da Verdade, unido à Nefer e Paneb; derrotei seres mitológicos, acompanhado do meu amigo Percy Jackson, e batalhei ao lado de Anjos, me sentindo o Senhor da Chuva. Entre outras aventuras, subi o morro como bandido, na obra de Caco Barcellos, e até como mocinho, em Elite da Tropa. Fui leão-de-chácara, pequeno guerrilheiro, terrorista, opressor e oprimido. Fugi de conspirações, graças a Joel Backman, senti a dor dos inocentes de 72 em Munique. Não consegui impedir a morte de PC Farias, nem o 11 de setembro. Acreditei no sonho de Che na América Latina, de Malcolm X na America Saxônica, e acompanhei a imprudência do Capitão Rodrigo, no sul do meu país. Como nem tudo é guerra, cantei com Tim Maia, tive cóleras de amor, ao ler Arnaldo Jabor; apaixonei-me aos 90 anos, e me deliciei com o pecado da gula. Repudiei os humanos, assim como Asimov, e amei um cachorro, como se Marley fosse meu. Tive amigos, fui executivo, deficiente físico, estive por um fio. Fui preso, conquistador, político. Vivi intensamente e transcendi o nosso cosmos. Nesse pequeno instante, em que revivi as memórias dos livros lidos, me senti como um cavalheiro na Idade Média. Não o maior, ou o melhor, porque muitos outros vivenciaram um Universo a mais que eu. Mas este era meu momento. Entrei pela porta principal do castelo. A espada embainhada, a face suada, um sorriso no rosto. Em tapete vermelho conduzia-me ao átrio central, onde todos os 278 amigos, destes, 62 digníssimos seguidores me esperavam. Prostei-me triunfante no centro do salão. Com a mão direita, ergui a taça. Gesto acompanhado por todos. - Três vivas as primeiras 10.000 páginas lidas! O salão ecoou: URRA!!! URRA!! URRA!!! By Rodrigo Araújo

Como já devem ter notado, sou fã de carteirinha dos textos do Rodrigo Araújo. Esse já o terceiro texto dele que divulgo aqui. Engraçado, mas é exatamente assim que me sinto quando estou lendo, vai ver que é por isso que eu adoro ler livros com personagens inteligentes, misteriosos, cheios de humor sagaz, porque invariavelmente acabo me sentindo como se fosse um deles. Isso torna ainda mais fascinante e viciante o mundo da leitura, porque nos transporta para lugares nunca imaginados, situações inusitadas e inéditas, nos coloca no lugar do outro, nos pemite refletir, sonhar... confere-nos a deliciosa sensação de viver algo que talvez, em nossa realidade corriqueira e rotineira, jamais teríamos a oportunidade de viver.
Rodrigo, você consegue colocar no papel com perfeição a emoção que o universo da leitura pode nos trazer. Parabéns!!!

31 de mar. de 2010

MEDO

Sentir medo é algo absolutamente normal e inerente ao ser humano.
O medo quando sentido em demasia pode paralisar e prender, no entanto na medida certa pode até ser saudável, uma vez que nos protege.
Em alguns momentos, a vida parece nos levar de encontro aos nossos medos, talvez para nos testar, provocar ou para que possamos superá-los e darmos início ao um novo ciclo, a uma nova fase. O díficil é controlar a ansiedade e deixar o que tiver de ser - acontecer. Não se trata de portar-se com uma folha solta no tempo que segue a direção do vento... na verdade tem a ver com algo muito mais sublime... fazer a sua parte, esperando com sabedoria e tranquilidade pelo momento exato da colheita de frutos maduros, respeitando com paciência o tempo de plantio e crescimento.

"Nossa vida não passa de umas formações fugidias de areia movediça, constituídas por uma rajada de vento e apagadas pela próxima. Construções da futilidade que se dissipam antes mesmo de se constituírem." Pascal Mercier

29 de mar. de 2010

Espero a Minha Vez

"Se o medo e a cobrança tiram minha esperança
Tento me lembrar de tudo que vivi
E o que tenho por dentro ninguém pode roubar
Descanso agora pois os dias ruins todo mundo tem
Já jurei pra mim não desanimar
E não ter mais pressa pois sei que o mundo vai girar,
O mundo vai girar
Eu espero a minha vez". NX Zero

18 de mar. de 2010

Preciosidade

" Ela intensa, nebulosa fazia riscos simétricos no caderno.
Se um risco, que tinha que ser ao mesmo tempo forte e delicado, saía do círculo imaginário em que deveria caber, tudo desabaria: ela se concentrava ausente, guiada pela alvidez do ideal. Ás vezes, em vez de riscos, desenhava estrelas, estrelas, estrelas, estrelas, tantas e tão altas que desse trabalho anunciador saía exausta, erguendo uma cabeça mal acordada."
Preciosidade - Clarice Lispector.

Ela fazia mais sombra do que existia.

15 de mar. de 2010

A impotência diante da perda

Esta seria apenas mais uma sexta-feira igual a todas as outras em sua vida, não fosse pelo pequeno detalhe de ter recebido uma ligação logo pela manhã, cujo assunto sem maiores delongas ou rodeios, é que seu pai havia falecido.
Ela acordara cedinho, tomara seu banho em silêncio enquanto orava baixinho pela saúde de seu pai. A oração sempre fora um hábito em sua vida e ultimamente ela orava em todos os lugares onde podia encontrar minutinhos de silêncio e tranquilidade. Seu pai estava internado em coma induzido havia quinze penosos e doloridos dias e desde então, só o que conseguia fazer era pedir a Deus que operasse um milagre. E depois do banho ela aprontou-se e passou correndo pela porta da cozinha em direção ao seu automóvel, enquanto tomava um iogurte de frutas mecanicamente, já que os alimentos em geral não tinham o mesmo sabor de outrora, em sua opinião.
Dirigiu em silêncio durante todo o percurso de sua casa até o trabalho, concentrando-se nos ruídos dos carros, no som que fazia lá fora, no barulho seco que fazia quando as pastilhas de freio seguravam com firmeza as rodas de seu carro, era como se esperasse alguma prova ou indício que aqueles eram os mesmos sons e ruídos de todos os dias, que tudo estava igual e em seu lugar e que por isso, tudo ficaria bem ao final.
Acomodara-se em sua mesa e dera início as suas atividades em seu trabalho, quando seu aparelho celular começou a vibrar e aquele instante pareceu durar uma eternidade. Ela imediatamente olhou para o numero que aparecia no visor do aparelho, sentindo como se uma imensa mão estivesse a lhe esmagar o estomado, a barriga, o coração tudo junto. Era sua mãe quem estava chamando do outro lado da linha, e em seu coração ela já sabia o que viria pela frente, mas não queria acreditar no que viria pela frente.
Queria que fosse sua mãe ligando para saber como ela estava e entre amenidades diversas, comentasse sobre o tempo, se estava fazendo frio ou calor ou contando alguma nova fofoca familiar... uma prima que engravidou ou a tia que resolvera se separar, coisas corriqueiras e comuns. Mas a ligação de sua mãe fora bastante curta e objetiva:
- Filha estou te ligando pra dizer que seu pai não resistiu... você sabe, ele estava sofrendo bastante e aquele imenso absurdo que todo mundo diz: foi melhor assim... traduzindo pra você que está lendo agora: SEU PAI FALECEU.
A pior coisa que se pode ouvir quando se perde alguém é aquela frase ... foi melhor assim. Melhor pra quem, eu gostaria de saber?
Além de se sentir impotente você ainda se sente burro por não ter descoberto antes que teria sido melhor que seu ente querido tivesse morrido logo no começo de sua enfermidade, que não perdesse tempo lutando pela vida, já que o melhor seria partir.
Só o que ela pensara naquele terrível instante era na saudade que já sentia do seu pai.
Ele tinha tantos planos, tantos sonhos ainda por realizar.
Seu pai era tão jovem.
Definitivamente, desapontara-se com Deus.

O que me atrapalha nesta vida é essa maniazinha de escrever.

8 de mar. de 2010

Sobre o dia internacional da Mulher:

Tomara que hoje seja assim:
Que o dia amanheça bonito. Nem quente, nem frio. É não é que está fazendo um dia lindo hoje?
Tomara que, dessa vez, o mês caiba no seu salário.
Tomara que o telefone toque com uma notícia feliz.
Tomara que a prova seja fácil. Tomara mesmo... prova na sexta... xiiiiiiiiiiiiiiii
Que o trânsito esteja livre. Isso é fácil quando se mora no interior
Que o prato do dia seja o seu predileto.
Tomara que você reveja o seu melhor amigo. Utopia, mais confesso que ficaria feliz se isso acontecesse.
Tomara que toque aquela música linda de doer. Melhor não... ando chorando até em inauguração de supermercados, rsrs
Tomara que alguém lembre de lhe dar os parabéns... bastante gente lembrou, até o moriii.
E que, assim, do nada, lhe tirem pra dançar. Sonhar é bom, mas nem tanto pra uma segunda-feira...
Tomara que você ganhe um beijo. Hummm... isso é mesmo gostoso.
Que ganhe um elogio. E se forem vários?
E que seja sorteada. Com uma passagem pra Passárgada, serve?
Tomara que o sapato não aperte. Hoje não vai mesmo, estou de pipitú.
E que aquela velha calça lhe sirva outra vez. Emagreci tanto que meu desejo agora é que ela não caía, isso sim...
Tomara que você tenha um acesso de riso, por causa de uma piada. Isso me faria bem feliz... to precisando mesmo rir de doer.
Tomara que os seus sonhos continuem grandes... E continuam mesmo... só peço é que Deus me ajude a realiza-los.
E que sejam muitos.
Mas que você tenha, todos os dias, um pouquinho de cada coisa.
E que assim seja. Que Deus esteja sempre ao meu lado, trazendo-me paz e tudo o que preciso para ser feliz.

Texto de Lena Gino Um pouquinho de cada coisa. Em vermelho é por minha conta e risco.

6 de mar. de 2010

A vida que renasce

Mesmo não merecendo, tens plantado novos sonhos ao meu coração.
Soprado um novo fôlego de vida em minha alma, dando-me um novo sentido para a vida.
Transforma os sonhos que colocaste em meu coração em realidade.
Capacita-me, dando-me sabedoria e disposição para transpor as barreiras que me afastam dos objetivos traçados para minha vida.

“Tua alegria em minha vida
Me fortalece a cada novo dia”. André Valadão

20 de fev. de 2010

O suicida

Cá estou no beiral do edifico Copan. Do alto desse monte, observo os transeuntes na calçada da esquina da Ipiranga com a Consolação. Daqui, elas ficam minúsculas, inofensivas, irrelevantes. Minúsculas também se tornam minhas aflições e angústias. Em poucos instantes, dar-se-á o fim. O término dessa longa metragem de baixíssima bilheteria, dessa mostra sem visitantes, desse jogo sem torcida. Aqui, interromperei esta obra de poucas páginas, de leitura cansativa e sonífera. Do cume desse prédio, contemplo a cidade em meus últimos instantes. Nada há mais que uma habitual manhã de fevereiro, idos alguns dias após o aniversário desse aquariano, por pouco peixes, do período do mês em que as pessoas começam a se preocupar com as contas que estão por vir. Na calçada, alguns curiosos apontam para o céu, perplexos com a imagem de um desconhecido cidadão, postado como um marujo ao fim da prancha, esperando ser lançado aos tubarões por seus algozes. À esquerda, contemplo a Nossa senhora da Consolação, imponente, padroeira dos desesperados. A testemunha perfeita desse ato derradeiro; ninguém melhor que ela para entender que o desespero pode atormentar um homem, implodir a tua alma, e deixar sobre a Terra para as hienas somente a pútrida carcaça viva. No bolso, algumas poucas moedas servirão como pagamento ao Barqueiro ao efetuar minha travessia. Abaixo, a multidão se aglomera. Pessoas gritam palavras inaudíveis. Um vulto abre os braços. Talvez não seja ninguém mais que Morfeu, de braços abertos, ansioso para livrar-me desse triste sonho que é minha vida, esperando pacientemente que eu cumpra solenemente o destino que ele me reservara. Apesar da distância, percebo o olhar consternado de rostos desconhecidos. A atenção gratuita dos transeuntes me conforta, transmitindo uma sensação que há tempos não sentia. Sorrateiramente, por trás de mim, um senhor de bata preta se aproxima. Sua voz mansa fala de Deus. Pobre homem, não percebe que se houvesse fé nesse corpo à beira do abismo, o mesmo não estaria por se jogar do penhasco. A brisa acaricia meu rosto, o sol aquece minha face; um sorriso escapa dos meus lábios. Naquele momento, gozava de sentimentos que a vida há muito não me proporcionava. Sorri. Apesar de sozinho por todos esses anos, findaria rodeado de bons momentos. Escrevam na minha lápide: “Morreu no auge”. Um pequeno pássaro pousa ao lado. Cantarola e me observa como que se conversasse comigo. A adrenalina do momento final acelera o meu coração. Calma, paz, harmonia e intensidade. Sensações cujo sabor pleno só provara à instantes do fim. Era chegada a hora. Estiquei-me nas pontas dos dedos dos pés, estufei o peito e o ofereci ao calor do sol. Ergui os braços como um maestro a reger sua ultima obra. Levantei o queixo, contemplei o céu, porque homem que se preza deve morrer de cabeça erguida. Calei a multidão com um simples gesto. Ouvi os sussurros do vento em meus ouvidos. Já não havia espaço para angústias ou aflições. O peito cheio, a mente esfuziante, o sangue latejando. Súbito, desisti. Retrocedi lentamente da beira do penhasco, e caminhei em direção às escadarias. O Barqueiro que esperasse! Ao invés de enriquecê-lo com minhas poucas moedas, iria até a calçada tomar um delicioso sorvete, iniciando a busca incessante pela minha felicidade. Atônitas, as pessoas ao meu redor não entenderam a sonora mensagem da natureza. Pode até ser que a morte seja a solução de todos os meus problemas, mas nada se compara à sensação de estar vivo novamente. By Rodrigo Araújo

Há dias em que não é apenas o sol que deixa de nascer transformando a paisagem numa aquarela de cores desbotadas e sonhos desfeitos, parece que a nuvem carregada de chuvas, raios e trovões está mesmo dentro da gente.
Não há o que ser feito, quando o tempo fecha anunciando a tempestade de vazios e solidão que está por vir. Nada e nem ninguém parece compreender o mistério que borbulha, enlouquece e mastiga a alma pequenina e triste que vive a procurar sei lá o quê.
Não existem fórmulas, receitas, sonhos ou conforto de ter que não roube a alegria de ser. Um abismo oco, escuro e frio parece se abrir bem debaixo de seus pés, roubando-lhes a visão, razão e o sentido de viver.
Para essas ocasiões o que se pode fazer é esperar um novo amanhecer. Um novo dia ensolarado, com o cheiro doce de orvalho da manhã e de abraços apertados. Que venha devolver todo o sentido de ser e de viver... através do amor imensurável e constrangedor do Criador do universo e de todas as preciosas criaturas que nele habita.

18 de fev. de 2010

O frio das noites quentes

Era nas noites quentes de verão que aquilo tudo doia mais.
Era quando o céu estava limpo, com o ar fresco como um flor, exibindo a quem quisesse as suas mais lindas e provocativas estrelas, que a agonia vinha disfarçada de doçura.
Quando tudo o que era belo e bonito estava explodindo, que ela sentia o coração despedaçar. Sempre tivera um medo excessivo das coisas belas ou horríveis demais.
Não há como dividir o indivisível, ou ser o que não se é.

As noites mais lindas do ano escondem dores ilícitas, inteiramente inomináveis.

9 de fev. de 2010

A sutil diferença entre Ter X Ser

Vivemos numa época em que somos impulsionados a sermos todos iguais, a pensarmos da mesma maneira e a seguir determinados padrões e tendências que lentamente escravizam o nosso corpo e a nossa alma. Não há espaço para quem pensa diferente, para quem tem a alma batendo no peito... porque o “diferente” imediatamente é julgado e excluído.

As pessoas correm contra o tempo, abandonam o convívio de suas famílias, abrindo mão de seus valores para terem sempre mais. A sociedade capitalista em que vivemos poluí nossas mentes com a mensagem subliminar que diz que devemos TER para SER aceitos, querem nos transformar num bando de iguais.

E infelizmente muitas pessoas acabam deixando de lado a sua essência, família e seus valores buscando a aceitação no meio em que estão inseridas. Um dia elas envelhecerão e fatalmente ficarão doentes e sozinhas.

Certamente sentirão falta de seus amigos e dos filhos que jamais ousaram ter, porque desperdiçaram toda uma vida tentando SER o que jamais TERÃO (o trocadilho é proposital).
Buscando TER o que não esta á venda... firmeza de opiniões e um sólido caráter humano.


Num gesto que era tipicamente seu, e que por isso, lhe parecia bem normal... Katita orou baixinho a Deus, pedindo Sua benção e proteção nesses tempos tão difíceis, afastando-a do perigo de viver.

8 de fev. de 2010

Palavras a inventar

Segundo Haward Rheingold autor do livro They have a name for it, encontrar o nome para alguma coisa é uma maneira de conjurar a sua existência.
Pensamos e nos comportamos de certa maneira porque temos palavras que nos apoiam, logo, as palavras moldam os pensamentos.

Veja algumas:
MOKITA – em Kiriwina: a verdade que todo mundo sabe, mas ninguém diz
AH-IN – em japonês: a comunicação tácita entre dois amigos
WON – em coreano: resistência a livrar-se de uma ilusão
TORSCHEIISSPANIK – em alemão: pânico de que a porta se feche, literalmente
E o meu favorito...
MONO NO AWARE – em japonês: a tristeza das coisas

Olha uma que inventei agora
AVEQDE – em katitês: a verdade que só Deus vê (seriam aqueles coisas todas que se passam em nosso corpo, alma e coração que somente Deus conhece).

Insuportavelmente lírico: O belo e o triste
Talvez o belo seja triste porque é efêmero como um beijo de borboleta.

3 de fev. de 2010

Voltando no tempo

Muitas vezes ao ouvirmos uma música ou quando sentimos um determinado cheiro, temos vontade de voltar no tempo. Na maioria das vezes queremos reviver um passado que foi bonito e que traz saudades. Mas há momentos em que se deseja bem mais que isso.. é quase que um desejo patético de voltar àquele determinado ponto em sua vida e tomar um rumo oposto a aquele que fez de você o que é hoje.
Como se o tempo pudesse parar e segurar a respiração para que se volte atrás e se faça o que deveria ter sido feito.

Nem sei dizer porque estou sentindo isso, mas é assim.

" Os contornos dos seus desejos e medos inscrevem-se como ferro incandescente na alma dos pequenos, cheios de conhecimento e impotência em relação àquilo que acontece com ele. Precisamos de uma vida inteira para achar este texto marcado a fogo sem jamais ter certeza se o compreendemos". (Trem noturno para Lisboa - Pascal Mercier)

19 de jan. de 2010

Oração dos Apaixonados pela leitura

Senhor, Distancie de mim todos os livros ruins. Coloque-os bem no fundo da prateleira, e que as traças os corroam antes que minhas singelas mãos os toquem. Priva-me dos livros escritos sem qualquer sentimento pelo autor – amor, paixão, inveja, raiva ou até mesmo desprezo. Menos, é claro, daqueles autores geniais, que não ouso citá-los, para não cometer a blasfêmia de esquecer algum. Ó, estupendos escritores, quem garante que mesmo acometicos da ausência de sentimentos não tenham gerados suas melhores obras? Peço em misericórdia, o deleite dos melhores escritos, e que o dono daquele sebo de raridades seja meu melhor amigo, e me tente sempre, antes a mim do que a todos, com suas preciosidades. E se por acaso, o Senhor decidir me castigar pelo arroubo de egoísmo do meu pedido, peço humildemente apenas que não me cegue, e que mantenha a minha lucidez, para que eu possa garimpar pacientemente, os poucos bons livros entre os milhares comuns. Amém. By Rodrigo Araújo

15 de jan. de 2010

Pra Você Guardei o Amor - Nando Reis

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar


Repeat no windows media player e no coração. Overdose de "Pra você guardei o amor", até enjoar e começar a soltar as letras, palavras e rimas todas pela boca, olhos e ouvidos. Até a alma roubar para si a doçura da melodia e da letra que aquece e entristece.

12 de jan. de 2010

Fragmento: A chama de uma vela:

"Assim se fala da lâmpada como se poderia falar da luz que alumia os caminhos e que nos fascina, a luz de uma vela, tendo esta também um duplo sentido, o de alumiar e de aquecer. O que nos fascinará tanto numa simples vela?!
O seu lado romântico, que herdamos dos nossos antepassados oitocentistas? A cor vibrante e dilacerante que encerra? O perigo que existe ao acendê-la e torná-la chama? O simples derreter da cera em seu redor que cria montanhas e estalactites que, de forma natural, não podemos criar? O alumiar do caminho? Uma forma de obter luz natural? O misticismo da vela...!!!!
Que vejo eu, tu e todos numa vela? É um fascinio. E a luz acessa,... num quarto escuro, ... em noite cerrada ..., fala-nos de solidão. Remete-nos para o nosso passado de histórias encantadas. Transporta-nos para um outro mundo, o da imaginação e olhando lá bem do fundo ficamos à espera que o sonhador noturno, ou desesperado diurno, apague a luz e vá descansar num sono profundo. (...)"

O autor nos faz imaginar a claridade de uma única vela, acesa num quarto escuro, enquanto aborda delicadamente sobre a solidão. Também fala do calor, da chama... da paixão.
Fala de tanta coisa e ao mesmo tempo de algo tão simples como a chama de uma vela.

8 de jan. de 2010

A sombra do vento de Carlos Ruiz Zafón.

Existem livros que fazem sonhar, que são um presente para a fantasia.
Quando alguém lê um livro como esse, sente-se bem, não quer ser incomodado por nada nem por ninguém, e deseja apenas mergulhar no mundo dos personagens. A Sombra do Vento é um presente assim.

Pelos olhos de um menino, o leitor é apresentado ao mundo dos livros.
Os personagens ficam tão vivos em nossa memória que mesmo depois de te-lo lido, pode ser que ao cruzar com "algum tipo diferente", você acredite e jure de pés juntos que viu um dos personagens andando por aí.
Foi assim comigo outro dia, que poderia jurar ter cruzado com o Senhor Júlian Carax no semáforo da cidade em que vivo, em plena luz do dia.

Ao ler A Sombra do Vento, o desejo que se tem é de, assim como o menino Daniel, abrir as portas do Cemitério dos Livros Esquecidos e descobrir em seus infindáveis corredores o livro que mudará nossas vidas.

E pensando em mudar de vida, começo pra valer hoje a leitura do romance Trem noturno para Lisboa, que ganhei de presente de um amigo querido. Esse livro fez tanto sucesso na Europa que passou a ser uma expressão utilizada para referir-se a alguém que pretende mudar de vida.

Se você está cansado da sua vida, do jeito como ela é e/ou busca novos horizontes, nem que seja apenas na sua forma de pensar, embarque nesse trem comigo e vamos juntos para Lisboa.
“Nós existimos enquanto alguém se lembra de nós.” (Carlos Ruiz Zafón)

5 de jan. de 2010

Dois mil e dez

Chegou 2010 e nota-se que o que mudara na verdade foram alguns números nos calendários, nas folhas das agendas e na assinatura das folhas de cheques.
O restante parece sempre o mesmo.
A maldade do mundo. As tragédias que nos acometem... a chuva que arrasa ou do medo que paralisa e prende. O açucar amargo que envolve as metas e os objetivos que nos impulsionam a abraçar com garra e paixão as obrigações rotineiras e por vezes cansativas que nos acompanham (trabalho, estudo e o contexto social).

As exigências são cada vez maiores e os recursos no entanto, menores.
A excassez gera a necessidade que fazer nascer os desejos.
Desejos de todo tipo... do consumo desmedido, das informações que não trazem o conhecimento, de poesias que não emocionam e de sonhos impossíveis.

Não há tempo para pregar os olhos.
O necessário de hoje já foi supérfluo um dia e o caráter que nos falta hoje é pura besteira.

Se pudesse iria embora... quem sabe fosse ver o mar, ler um romance envolvente.
Se pudesse contaria que o céu é um mar que chove. Chove triste e cansado. Murchinho.
Mas ainda tenho sonhos enroscados como cabelos em minha garganta.
Há muito tempo que a humanidade não acredita em sonhos e há muito eu não acredito na humanidade.

"Na minha opinião
existem dois tipos de viajantes:
os que viajam para fugir

e os que viajam para buscar" (Érico Veríssimo)


Porque a vida pede passagem. Que seja eterno e terno, enquanto dure.