21 de jul. de 2016

A viagem

Dera a partida em seu carro e saiu, como se quisesse agarrar o instante em seus dedos, com receio de que ele nunca mais pudesse ser seu. Por mais que pisasse com raiva o pedal do acelerador do seu automóvel, ele não conseguia acompanhar a velocidade de seus pensamentos que exigiam para si, instantes cada vez mais completos. Seus pensamentos, seus valores e sua concepção de vida cheia de náusea doce a aprisionavam.

Seguia sem rumo pela estrada, sem saber o que estava buscando... por ora bastava saber que partira, embora não soubesse ainda para onde, o destino seria outro problema que ela resolveria depois.

Sentia a pressão fresca e fascinante do vento e nesse instante desejou ser pássaro. O calor fazia com que escorresse o suor entre os seios e o brilho do sol ardia em seus olhos. A vastidão da estrada sem fim parecia acalmá-la, regulava a sua respiração e ela finalmente cochilava dentro de si.

Lembrou de sua infância, de pessoas importantes que ficaram para trás e seguramente concluiu que ser gente grande era muito complicado... talvez estivesse apenas com medo, porque não resolvera o caminho que iria tomar. De repente se lembrou que os desejos são fantasmas que se diluem imediatamente quando o bom senso entra em ação, então mais que depressa, pegou o primeiro retorno da estrada com um único destino: voltar para casa.

Já em sua cama, fica de olhos abertos durante algum tempo.
O sono demora para vir. Ela medita enquanto enxuga as lágrimas que descem de mansinha, com o dorso de suas mãos. Cobre-se com o lençol macio e lisinho que escorrega pelo seu corpo nu. E finalmente ajeita-se na cama.
Fecha os olhos e diz boa noite ao céu de estrelas que ri baixinho de suas tolices.

19 de jul. de 2016

Vinte e dois de maio

Um texto. Algo novo. Diferente. Mais um outono.
Tantas coisas corroendo aqui dentro mas que não posso dizer.
Segredos secretos em lugares escondidos.

Mais um ano que se foi e outro que ganhei.
Tudo depende da ótica.
Alguma coisas não mudam, outras sim.
Parabéns pra mim por mais um ano de vida e outro a minha família por me agüentar.
Tem dias que é difícil, outros que é mais difícil ainda.

Todos os pedacinhos do meu coração magoado é TEU Pai querido.
Te entrego os caquinhos dele para que possas conserta-lo.


Porque a vida pede passagem. Que seja eterno e terno, enquanto dure.