8 de nov. de 2008

Duzentos e oito palavras

Seus cabelos não eram dourados e seu vestido não era azul. Ela era só uma menina invisível, deitada num jardim desbotado, olhando o infinito que o Senhor do Destino em sua vida desenhou.
Aquele era o moço que sua alma jamais tocou. Ele vivia preso num único instante.


A felicidade que vinha chegando, teve que seu caminho desviar, pois não fazia parte desta fabula.
O avião que vinha trazendo o “final feliz”, teve que sua rota mudar, pois o Senhor do Destino não o tinha desenhado la.
O pombo-correio que trazia consigo uma estória de amor, bateu seu bico numa nuvem e caiu. Por isso, o moço continuava preso naquele instante.

Se a felicidade não tinha conseguido, o avião também não, nem o pombo-correio teve exito, como que ela, uma menina invisível, que era feita apenas de palavras, poderia chegar até o moço?

Passou horas pensando, ela que não tinha lido em algum livro que uma imagem valia mais do que mil palavras, não teve dúvidas. Abriu a porta invisível, acendeu as luzes transparentes e construiu este imenso abraço de palavras. De duzentas e oito palavras. Para, um dia, se assim o Senhor do Destino permitisse, entregar ao moço preso no instante em que o sonho jamais se realizou.


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Porque a vida pede passagem. Que seja eterno e terno, enquanto dure.